Aquele dos Vinte e Seis
Aí eu fiz vinte e seis.
Você bateu uma foto com close nos meus olhos alguns dias antes e eu descobri a minha primeira ruga graças a você e à sua super câmera.
Você entrou na minha vida quando eu tinha uns treze anos, a pele ruim, a sobrancelha toda cagada. Você chegava e partia e eu sempre achava que era o fim do mundo. Mas você sempre ressurgia.
Você sempre lembrou do meu aniversário e de alguma maneira fez contato, estando longe ou estando perto. Você me parabenizava e me perguntava "E então como você se sente com a idade x?". Eu sempre achei isso engraçado.
Há dois anos a sua pergunta desencadeou uma crise existencial e um textinho, que afinal de contas é assim que eu lido com as minhas crises existenciais.
Transformei a sua pergunta em tradição e passei a utilizá-la como ferramenta de avaliação pessoal anual.
E agora eu cheguei aos vinte e seis. Esse ano a sua pergunta foi feita ao pé do ouvido, no sofá do El Divino, acompanhada de vários beijos. De todos os planos, projeções, idealizações pessoais de como eu estaria aos vinte seis anos, eu jamais imaginei que seria ao seu lado. Também nunca imaginei que seria tão feliz por estar ao seu lado. Quer dizer, já me imaginei muito feliz ao seu lado, na época da paixão/obsessão em que eu pensava que seria perfeito, mas era mais teimosia do que esperança real, depois daquilo (e antes daquilo) eu nunca pensei que poderíamos dar certo. E a vida é assim mesmo não é? Quando a gente menos espera tudo vira de pernas pro ar e, inexplicavelmente, desse jeito bagunçado, tudo começa a se encaixar como se desde sempre tudo fosse feito pra ser assim.
E agora, aos vinte e seis anos, algo significativo mudou em mim, e não foi apenas a ruga. Eu descobri como é ter Certeza.
Uma coisa que sempre me intrigou muito são as pessoas que tem certeza. Que casam, que tem certeza que querem ficar para sempre juntas. Na minha cabeça casamento significa ter certeza, certeza de que você quer passar o resto da vida ao lado daquela pessoa. CALMA, EU SEI que não é exatamente assim. Eu, você e a Cassia Eller sabemos muito bem "que o pra sempre sempre acaba", mas não é disso que eu estou falando. Eu estou falando de, em algum momento, acreditar de verdade que é pra sempre. De olhar pra quem está ao seu lado e ter certeza. Eu lembro de já ter conversado a respeito disso com a Bárbara e com a Fe, e com basicamente todas as minhas outras amigas que namoram e/ou casam. Eu já estive em vários relacionamentos, eu já fui enlouquecidamente apaixonada, eu já amei também. Mas eu nunca tive fé de todo o meu coração de que os meus relacionamentos dariam certo. Por qual razão eu permaneci neles? Poderia se dizer burrice, mas na verdade eu tinha fé no "SE". "Se" o fulano deixar de ser tão acomodado. "Se" o fulano amadurecer nesse aspecto. "Se" a gente conseguir superar isso ou aquilo. Sempre havia um SE, e eu sempre acreditava que esse SE deixaria de ser um SE, que aquilo que precisava ser ajustado se resolveria com o tempo. Com o tempo eu aprendi que não dá pra se relacionar com expectativas, que ninguém é perfeito, que ou você lida com o que está ali ou parte pra outra. E eu sou tão chata que eu achava que nunca ninguém estaria livre de um dos meus "SEs"...
Eu lembro de um dia, jantando na casa da Michelle, conversamos a respeito disso. A Michelle é dessas mulheres completamente entregues à relação, à família, ao que eles construíram juntos. Eu lembro de ouvi-la falando do Jean e de me perguntar se algum dia eu encontraria alguém que me inspirasse tanta fé quanto ela tinha. Então eu perguntei a ela: como é ter essa certeza? Como ela sabia que era ele? Sempre que passa a fase da paixão surgem os defeitos, todo mundo vai tê-los. Eu me perguntava como seria enxergar os defeitos e vislumbrar um futuro juntos, com fé que daria certo, como seria ter certeza? E ela me disse que um relacionamento é feito de fases, altos e baixos, amor e respeito, e que com o passar dos anos ela descobriu que podia se re-apaixonar por ele, e que isso tornava o que existia entre eles especial, além das escolhas diárias de ambos de fazer dar certo. Eu na época não entendi o que ela quis dizer com isso de se re-apaixonar.
Agora eu sei. Eu sei como é ter certeza. Com você eu tenho certeza. Calma, não fuja pra Macaé, não estou falando que vamos casar e ter filhos. Só quero dizer que, se a vida não nos virar de pernas para o ar outra vez, sou capaz de acreditar que seríamos felizes juntos. Não existe "SE" com você. É fácil, flui, traz paz, é simples. É assustador pra caralho admitir isso. Você é o homem por quem eu sei que vou me re-apaixonar algumas outras vezes nessa vida. Por quem eu já estou re-apaixonada. Você tem razão quando diz que nós nunca na vida poderemos ser "só" amigos, a gente não consegue, não depois de tudo. Eu já fui apaixonada por você, você sabe. E eu tive que esquecer, quis queimar o maldito Mickey. Criei expectativas, sofri e me obriguei a desconstruir as expectativas. Fingi que tinha superado tudo. Acreditei de verdade que tinha superado tudo. Vi você com ela e me senti bem por sua felicidade. Vi você sem ela. A gente ficou, você reapareceu quando eu estava no olho do furacão e eu fugi dando pra mim mesma desculpas infantis e infinitas, adicionamos mais um desencontro ao nosso histórico. E eu pensava "que bom que já passou e que eu não quero mais". Vi você bêbado e abracei você e entendi as suas mensagens e pensei "ah que bom que eu não sinto mais nada, foi infantil isso". Vi você agarrado com a outra menina e pensei "tsc ainda bem que eu não quero". Vi você sozinho na festa e conversamos e rimos, e eu não soube mais o que eu queria ou não queria. Quis não querer mais e fui embora com a minha amiga, evitando a fadiga.
Depois de algum tempo você reapareceu, cobriu meus olhos, perguntou adivinha quem é? E você já sabe o resto. E tudo virou um caos interno também. Voltamos às expectativas e medos e angústias e maravilhas. Eu quis não querer você um milhão e quatrocentas vezes e nunca obtive sucesso, a decisão de desistir de tentar não querer foi a única que deu certo. Tem coisas das quais a gente não pode fugir. E agora você é meu namorado.
E eu não posso e não quero mais fugir de você. E não importa o que vai ser, porque saber como é ter certeza já faz tudo valer a pena. Poder estar ao seu lado me faz imensamente feliz, não importa até quando o nosso "pra sempre" vá durar. Eu tenho fé no que existe entre a gente, eu entendo agora todas as minhas amigas casadas, entendo todos os dias, quando olho pra você, quando fico admirando o seu jeito sincero, a leveza, a lealdade, as palhaçadas, a inteligência, a sobrancelha que você levanta quando fala algo que sabe que vai me irritar só pra me olhar e dar aquele seu sorriso sarcástico que você dá quando deseja irritar alguém. Eu amo tudo isso.
Você chegou na minha vida quando eu tinha uns treze e agora eu tenho vinte e seis, continuo sem ter a pele boa e sem domar a minha sobrancelha, e você continua aqui. Você bateu uma foto minha que fez com que eu descobrisse a minha primeira ruga, uma foto na qual você está refletido nos meus olhos. E realmente, aos vinte e seis, eu só tenho olhos para você. Novamente. Assim como a primeira ruga, eu espero que você esteja ao meu lado para descobrir muitas outras "primeiras" desgraças e graças dessa vida.
Você bateu uma foto com close nos meus olhos alguns dias antes e eu descobri a minha primeira ruga graças a você e à sua super câmera.
Você entrou na minha vida quando eu tinha uns treze anos, a pele ruim, a sobrancelha toda cagada. Você chegava e partia e eu sempre achava que era o fim do mundo. Mas você sempre ressurgia.
Você sempre lembrou do meu aniversário e de alguma maneira fez contato, estando longe ou estando perto. Você me parabenizava e me perguntava "E então como você se sente com a idade x?". Eu sempre achei isso engraçado.
Há dois anos a sua pergunta desencadeou uma crise existencial e um textinho, que afinal de contas é assim que eu lido com as minhas crises existenciais.
Transformei a sua pergunta em tradição e passei a utilizá-la como ferramenta de avaliação pessoal anual.
E agora eu cheguei aos vinte e seis. Esse ano a sua pergunta foi feita ao pé do ouvido, no sofá do El Divino, acompanhada de vários beijos. De todos os planos, projeções, idealizações pessoais de como eu estaria aos vinte seis anos, eu jamais imaginei que seria ao seu lado. Também nunca imaginei que seria tão feliz por estar ao seu lado. Quer dizer, já me imaginei muito feliz ao seu lado, na época da paixão/obsessão em que eu pensava que seria perfeito, mas era mais teimosia do que esperança real, depois daquilo (e antes daquilo) eu nunca pensei que poderíamos dar certo. E a vida é assim mesmo não é? Quando a gente menos espera tudo vira de pernas pro ar e, inexplicavelmente, desse jeito bagunçado, tudo começa a se encaixar como se desde sempre tudo fosse feito pra ser assim.
E agora, aos vinte e seis anos, algo significativo mudou em mim, e não foi apenas a ruga. Eu descobri como é ter Certeza.
Uma coisa que sempre me intrigou muito são as pessoas que tem certeza. Que casam, que tem certeza que querem ficar para sempre juntas. Na minha cabeça casamento significa ter certeza, certeza de que você quer passar o resto da vida ao lado daquela pessoa. CALMA, EU SEI que não é exatamente assim. Eu, você e a Cassia Eller sabemos muito bem "que o pra sempre sempre acaba", mas não é disso que eu estou falando. Eu estou falando de, em algum momento, acreditar de verdade que é pra sempre. De olhar pra quem está ao seu lado e ter certeza. Eu lembro de já ter conversado a respeito disso com a Bárbara e com a Fe, e com basicamente todas as minhas outras amigas que namoram e/ou casam. Eu já estive em vários relacionamentos, eu já fui enlouquecidamente apaixonada, eu já amei também. Mas eu nunca tive fé de todo o meu coração de que os meus relacionamentos dariam certo. Por qual razão eu permaneci neles? Poderia se dizer burrice, mas na verdade eu tinha fé no "SE". "Se" o fulano deixar de ser tão acomodado. "Se" o fulano amadurecer nesse aspecto. "Se" a gente conseguir superar isso ou aquilo. Sempre havia um SE, e eu sempre acreditava que esse SE deixaria de ser um SE, que aquilo que precisava ser ajustado se resolveria com o tempo. Com o tempo eu aprendi que não dá pra se relacionar com expectativas, que ninguém é perfeito, que ou você lida com o que está ali ou parte pra outra. E eu sou tão chata que eu achava que nunca ninguém estaria livre de um dos meus "SEs"...
Eu lembro de um dia, jantando na casa da Michelle, conversamos a respeito disso. A Michelle é dessas mulheres completamente entregues à relação, à família, ao que eles construíram juntos. Eu lembro de ouvi-la falando do Jean e de me perguntar se algum dia eu encontraria alguém que me inspirasse tanta fé quanto ela tinha. Então eu perguntei a ela: como é ter essa certeza? Como ela sabia que era ele? Sempre que passa a fase da paixão surgem os defeitos, todo mundo vai tê-los. Eu me perguntava como seria enxergar os defeitos e vislumbrar um futuro juntos, com fé que daria certo, como seria ter certeza? E ela me disse que um relacionamento é feito de fases, altos e baixos, amor e respeito, e que com o passar dos anos ela descobriu que podia se re-apaixonar por ele, e que isso tornava o que existia entre eles especial, além das escolhas diárias de ambos de fazer dar certo. Eu na época não entendi o que ela quis dizer com isso de se re-apaixonar.
Agora eu sei. Eu sei como é ter certeza. Com você eu tenho certeza. Calma, não fuja pra Macaé, não estou falando que vamos casar e ter filhos. Só quero dizer que, se a vida não nos virar de pernas para o ar outra vez, sou capaz de acreditar que seríamos felizes juntos. Não existe "SE" com você. É fácil, flui, traz paz, é simples. É assustador pra caralho admitir isso. Você é o homem por quem eu sei que vou me re-apaixonar algumas outras vezes nessa vida. Por quem eu já estou re-apaixonada. Você tem razão quando diz que nós nunca na vida poderemos ser "só" amigos, a gente não consegue, não depois de tudo. Eu já fui apaixonada por você, você sabe. E eu tive que esquecer, quis queimar o maldito Mickey. Criei expectativas, sofri e me obriguei a desconstruir as expectativas. Fingi que tinha superado tudo. Acreditei de verdade que tinha superado tudo. Vi você com ela e me senti bem por sua felicidade. Vi você sem ela. A gente ficou, você reapareceu quando eu estava no olho do furacão e eu fugi dando pra mim mesma desculpas infantis e infinitas, adicionamos mais um desencontro ao nosso histórico. E eu pensava "que bom que já passou e que eu não quero mais". Vi você bêbado e abracei você e entendi as suas mensagens e pensei "ah que bom que eu não sinto mais nada, foi infantil isso". Vi você agarrado com a outra menina e pensei "tsc ainda bem que eu não quero". Vi você sozinho na festa e conversamos e rimos, e eu não soube mais o que eu queria ou não queria. Quis não querer mais e fui embora com a minha amiga, evitando a fadiga.
Depois de algum tempo você reapareceu, cobriu meus olhos, perguntou adivinha quem é? E você já sabe o resto. E tudo virou um caos interno também. Voltamos às expectativas e medos e angústias e maravilhas. Eu quis não querer você um milhão e quatrocentas vezes e nunca obtive sucesso, a decisão de desistir de tentar não querer foi a única que deu certo. Tem coisas das quais a gente não pode fugir. E agora você é meu namorado.
E eu não posso e não quero mais fugir de você. E não importa o que vai ser, porque saber como é ter certeza já faz tudo valer a pena. Poder estar ao seu lado me faz imensamente feliz, não importa até quando o nosso "pra sempre" vá durar. Eu tenho fé no que existe entre a gente, eu entendo agora todas as minhas amigas casadas, entendo todos os dias, quando olho pra você, quando fico admirando o seu jeito sincero, a leveza, a lealdade, as palhaçadas, a inteligência, a sobrancelha que você levanta quando fala algo que sabe que vai me irritar só pra me olhar e dar aquele seu sorriso sarcástico que você dá quando deseja irritar alguém. Eu amo tudo isso.
Você chegou na minha vida quando eu tinha uns treze e agora eu tenho vinte e seis, continuo sem ter a pele boa e sem domar a minha sobrancelha, e você continua aqui. Você bateu uma foto minha que fez com que eu descobrisse a minha primeira ruga, uma foto na qual você está refletido nos meus olhos. E realmente, aos vinte e seis, eu só tenho olhos para você. Novamente. Assim como a primeira ruga, eu espero que você esteja ao meu lado para descobrir muitas outras "primeiras" desgraças e graças dessa vida.