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A chatice vem de dentro e elege presidentes

Se você acha que o mundo está chato, tenho más notícias: seu mundo vai continuar chato. Eu não posso mais falar “veado” brincando que alguém se ofende. Oras, não tenho nada contra, mas agora vão dizer que vocês iriam gostar de ter filho gay? O mundo está chato. Não pode mais chamar de nega maluca? Não pode mais falar denegrir? Agora vou ter que achar preto bonito? Aí já é questão de gosto né? O mundo está chato. Agora tudo tem que ser “politicamente correto”? O mundo está chato. Feministas? Agora tudo é sexismo? Não pode mais elogiar mulher? O mundo está chato. Cadê a minha liberdade de expressão? Sim, eu a quero, e quero exercê-la sem que ninguém reclame. Eu sempre fui assim, agora vocês aí de esquerda estão estragando tudo. Eu não sou mais legal fazendo essas piadas? Não sou mais engraçado? Amado? Admirado? Tudo é bullyng agora? O mundo está chato. Ambientalismo? Veganismo? Comer carne é errado agora? Que chatice. O mundo está chato. Tudo é bullyng agora. Todo mundo brincava

Mulheres que correm com os lobos

Re-descobri o livro Mulheres que Correm com os Lobos. A redescoberta aconteceu por conta do Podcast Talvez Seja Isso, e a cada capítulo eu tenho mais certeza de que era o que eu precisava ouvir nesse momento. Talvez você também. Quer descobrir?

Dois pensamentos sobre Crise de Identidade Profissional

Se você tem o privilégio de refletir, fazer planos e pensar sobre a própria vida, talvez já tenha se deparado com alguma crise de identidade. Eu tenho enfrentado uma e, ouvindo e trocando ideias com pessoas da minha idade, convenço-me de que a a crise de identidade profissional é um mal da minha geração. Parece haver um grande desconforto, uma inquietude. Ela se origina em uma desconexão com os propósitos da função que se exerce, ou com o mercado, ou mesmo com as pessoas com quem precisamos nos relacionar profissionalmente. As raízes disso eu creio que podem ser a própria “mudança de paradigma” em relação às expectativas profissionais, a transformação da relação pessoal com o trabalho que a nossa geração criou. Questionamos as “verdades” aprendidas e grande parte delas parece não se sustentar. Estamos em um processo de desconstrução da ideia de que determinadas profissões são “bem sucedidas”, de que ser “concursado” é o caminho para a felicidade, e principalmente do “papel” do

Hoje não, querida

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Use um planner, eles dizem. Organize-se, eles dizem. E você acredita. Você planeja. Você acorda determinada a realizar, a terminar o dia dando "checks" em sua listinha de afazeres de pessoa focada e comprometida que é. Enquanto isso, em algum lugar de controle desta simulação que chamamos de vida, alguém aperta um botão, ri e sentencia: Hoje não, querida. 7h - Comecei meu dia catando minhocas suicidas na sacada. Elas fugiram da nossa composteira, fui checar e percebi que estava muito úmida. Peguei umas folhas secas e joguei lá dentro, sequei a tampa, varri a sacada, resgatei uma minhoca ainda viva. Saí atrasada para o trabalho. Esqueci o lanche em casa. 12h - Desci para  almoçar no restaurante, pois estava sem lanche. Encontrei um pedaço de acrílico no peixe. Eu acho que era um acrílico. Era transparente e eu mordi forte, ele não quebrou. Machucou um pouco a boca. Já estava no final da refeição. Entreguei o acrílico para a nutricionista do restaurante. Quiser

O Memorial do Holocausto e a importância de jamais calar

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A nossa memória é composta de informações e fatos obtidos por meio de experiências, coisas que ouvimos ou que vivemos. A memória, segundo estudiosos, é a base do conhecimento e necessita de trabalho e estímulo. É a memória que nos torna capazes de dar significado aos acontecimentos do cotidiano e acumular experiências para utilizar durante a vida. Nas minhas últimas férias visitei um lugar chamado “Memorial do Holocausto”, em Washington DC. Este memorial fica na região do National Mall e é um Museu. WIFI do Museu, Senha: lembrar (a senha é sensível à causa) O local tem a palavra “Memorial” no nome e, não é à toa, pois ele é todo pensado para fazer o visitante refletir, pensar, lembrar. A senha do wi-fi é “remember”. O espaço é dividido em ambientes distintos, no andar superior há um memorial geral dos acontecimentos históricos do período do Holocausto. No subterrâneo é contada a história apresentando a perspectiva de pessoas comuns. Para visitar a

Wanderlust

De onde vem essa vontade de sair? De voar? De cair no mundo? Essa necessidade de se perder para se encontrar Tem um quê de consumo Mas tem também um ímpeto genuíno que vem de outro lugar Um desejo, uma fome, uma urgência Uma vontade de sentir, de conhecer, de respirar algo novo Algo que nos tire da mesmice Algo que converse com nossas crenças, Ou com nossas descrenças Pedras que nos contam histórias Quadros que nos tocam Shows que nos extasiam Sabores que nos desafiam E a sensação de descoberta Como uma criança que se permite fascinar com as coisas mais banais Eu diria que é isso que buscamos Esquinas, museus, restaurantes, jardins, parques, arte Novos cenários (para selfies?) Que nos destacam Que talvez nos concedam esperança Renovem nossas forças Nos transformem Para que possamos voltar E transformar (ou tolerar) o que nos cerca

Pais "de verdade" em Game of Thrones

Antes de começar, aviso que há spoiler da série de tv e talvez dos livros. Existe uma teoria muito discutida entre os fãs das Crônicas de Gelo e Fogo (e também de Game of Thrones) que diz respeito à paternidade de Tyrion. A teoria suscita a possibilidade de Tyrion ser filho biológico do Rei Aerys II (o pai da Daenerys, o Rei Louco)… Existem vários posts, videos, e muitas discussões em fóruns sobre a teoria. Meu objetivo, contudo, não é debater a teoria em si, seus argumentos e fundamentos, mas sim trazer a tona uma discussão a respeito de uma frequente crítica a essa teoria, a qual tem sido reproduzida por várias pessoas que produzem conteúdo sobre a obra e também por fãs. A crítica considera que não seria muito legal para a história que todos os personagens com mais destaque sejam "Targaryen" (ou bastardos Targaryen), como se todo mundo que é alguém na fila do pão tivesse que ser desta família. Costumam enfatizar também que a ideia de Tywin não ser o pai “de verd