Balanço anual - 1/4 de século
Eu não sei se sou só eu, mas todos os anos quando chega essa época de ficar oficialmente mais velha chegam também uns pensamentos e reflexões a respeito da vida, da minha vida e do rumo que ela vem tomando.
No ano passado era assim que eu me sentia.
Esse ano o Felippe perguntou novamente. E no dia em que ele me fez essa pergunta foi exatamente o dia do caos. O dia de eu pensar em quão frustrada eu estava me sentindo.
Eu estou aqui com meus 25 anos. E de todas as projeções que eu fiz pra minha vida, em nenhuma delas eu estaria aos 25 anos do jeito que eu estou, morando com meus pais, financeiramente e emocionalmente vinculada a eles. Sabe quando a gente projeta? Planeja? 25 anos, na minha cabeça aos 25 eu estaria profissionalmente bem ajustada e sustentando meus pais. Na minha cabeça, na minha cabeça eu estaria em outra fase, na minha cabeça era nesse momento que de fato a vida iria "começar", que eu começaria a comprar minhas coisas e teria condições de ajudar em casa ao invés de ser mais um peso. Nessa quarta-feira chuvosa em que eu completei meus 25 anos eu só conseguia pensar em como eu ainda tenho muito que ralar pra conquistar essa realidade, ser independente,pagar um plano de saúde pra minha mãe e pro meu pai, dar algum conforto pra minha família .
O dia em si já começou atravessado, um errinho no sistema android do meu celular que me fez ficar incomunicável o dia inteiro. Fui fritar um ovo pra almoçar e o ovo estava podre e só percebi quando joguei na frigideira, fedeu a casa inteira, morri de ódio e de fome, e a tpm gente? Me joguei no chão e comecei a chorar, igual novela sabe? Mas não deu nem pra fazer muito drama e sofrer com dignidade porque o cheiro estava insuportável, então fui limpar tudo e não consegui mais comer, fui trabalhar.
Na quinta-feira meu olho começou a coçar e cheguei a achar que era conjutivite, depois surgiram coisas no meu braço e descobri que era uma reação alérgica. Fiquei linda toda vermelha, nem saí de casa. Depois de outras coisas que já não estavam dando certo, sentei e pensei, tão de brincadeira né, que que é isso?
E foi quando eu fiquei quietinha que as coisas começaram a se aquietar aqui dentro também.
Ontem quando estávamos almoçando conversei com meus pais. Eu estava pensando em "desviar" desse plano de concurso e trabalhar em um escritório, ganhando um pouco mais pra poder ajudar mais também. Foi quando eles me falaram que acabando a residência eles me ajudariam se eu quisesse ficar um pouco só estudando que eu vi o quão afortunada eu sou nessa vida. Eu sei como o dinheiro aqui em casa é contadinho e o quanto meus pais sempre se esforçaram pra me dar chance de estudar e pra me proporcionar todas as oportunidades que eles próprios não tiveram. Eu sei o quanto 1 ou 2 anos a mais fazem diferença pra eles e ainda assim eles estão dispostos a mais esse sacrifício. Eu não sei o que eu fiz pra merecer ter pais tão incríveis como os meus.
E eu comecei a pensar que a vida não se trata apenas de o que se faz, mas é também sobre com quem se faz.
Eu ainda não cheguei onde quero, mas eu com certeza tenho ao meu lado os "com quem" mais especiais que alguém poderia ter.
Eu acordei agora pouco, 8 h da manhã de um domingo, porque eu me excedi no energético nesse sábado. E agora pouco, acordando praticamente de um "se beber não case" eu fiquei pensando sobre os amigos incríveis que eu tenho (isso alguns minutos depois do susto inicial de pensar cadê minha máquina? Minha carteira? Meus presentes? minha dignidade? queloucurafoiessarapazi?).
É muito difícil manter as pessoas na vida. A gente não consegue manter todo mundo, manter requer cuidado, espaço, dedicação e tempo, coisas que a gente não consegue dispensar a todos. E ainda assim eu tenho algumas pessoas maravilhosas dispostas a sair comigo e brindar mais um ano de vida, e alguns que eu sei que estariam ao meu lado também pra enxugar as lágrimas de frustração ou de tristeza que porventura venham a surgir.
Alguns acabaram de chegar na minha vida, pessoas que eu ainda não sei por quanto tempo vou conseguir manter. Outros que já fazem parte dela há tanto tempo e já são responsáveis por parte do que eu sou hoje.
Olha Felippe, nesse ano, aos 25, eu estou me sentindo exatamente igual aos 24, adicionadas algumas frustrações , celulites e algum desespero. A diferença é que eu me dei conta da importância que tem aqueles que caminham ao meu lado, e me dei conta da sorte eu tenho por algumas pessoas terem cruzado o meu caminho, eu não sei o que eu fiz pra merecer vocês meus amigos, mas eu sou muito grata por tê-los. Já no ano passado eu pensei a respeito de amizade, a diferença é que eu nunca havia pensado na sorte que é cruzar o caminho de algumas pessoas e poder agregá-las à nossa vida, poder aprender, crescer e encontrar nelas motivação pra seguir.
Eu posso até estar frustrada por ainda não ter chego onde quero, mas as pessoas caminhando ao meu lado fazem essa caminhada valer a pena. Não dá pra esperar chegar pra começar a viver, depois que a gente chega a gente inventa outro destino, quando a gente não quer mais chegar a lugar nenhum é que a gente para de viver. E a vida, meus amigos, é isso que acontece enquanto a gente tá "andando" não é? Então, obrigada a vocês que caminham comigo.
PS.: Lembrar no ano que vem de não começar a beber tão cedo.